1. |
FUNDO DO MAR
03:27
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FUNDO DO MAR (Daniel Ayres)
eu me esqueci de voltar pro fundo do mar
toda vez que eu podia eu ia pra lá
eu me esqueci de voltar no dia a dia
toda ver que eu podia eu sempre saía
de toda a rotina
tira das costas - desbaratina - simplifica
eu me esqueci de lembrar que acima do mar
tudo é mesmo uma bagunça, deixa pra lá
pra que querer controlar o que não vai dar
tudo que eu preciso é de uma boa bebida
que só descomplica
tira das costas - desbaratina – simplifica
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2. |
FALANTES
03:13
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é muito importante
e interessante
o eletromagnéticofalante
multiplicador de mil mentiras
e mil verdades
essa estória de falarmos à vontade
em quantidade
prolífera conectividade
é mesmo muito louco
e mais um pouco
as conversas com pessoas tão distantes
num instante já mudei de idéia
estava velha
está na hora de ouvir a sua língua
a sua carga
na torre de babel com banda larga
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3. |
FICA COM A RAZÃO
03:46
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FICA COM A RAZÃO (Daniel Ayres)
pode ficar com a razão. fica aí. pode ficar com a razão
eu quero passar a bola
me cansei de toda hora ficar com a razão
só me controla
quer toda hora limitar qualquer emoção
a criatividade, o amor de verdade
ficam sem espaço, passo
fica com a razão
pode ficar com a razão. fica aí. pode ficar com a razão
sem atitude, sem movimento
a razão não me faz feliz
dá-me um abraço, sai desse assunto
tamo junto, muito, mesmo
sem uma razão
pode ficar com a razão. fica aí. pode ficar com a razão
eu quero passar a bola
me cansei de toda hora ficar com a razão
que estou fazendo?
só protegendo
um orgulho, uma opinião
não me pertence, nunca convence
quanto mais eu tento, entro
em contradição
pode ficar com a razão. fica aí. pode ficar com a razão.
bate na trave,
trava uma briga, tá na cara, vale abrir mão
ruga na testa, nunca compensa
nunca vale a pena, pena
quem quer ter razão
pode ficar com a razão. fica aí. pode ficar com a razão
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4. |
MORDE E ASSOPRA
02:47
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MORDE E ASSOPRA (Daniel Ayres e Zé Tatit)
quem sabe sexta-feira, hoje eu quero ficar só
uns dias de bobeira pra desatar esse nó
tem dó
você não sabe o quanto me dói
ama e alopra
morde e assopra
isso não me compra mais
talvez na sexta-feira, hoje eu tô na contramão
baixou uma zoeira, a cabeça gira em vão
sei não…
vai que desce pro coração
ama e alopra
morde e assopra
isso não me compra não
talvez na sexta-feira, hoje estou na contramão
baixou uma zoeira, a cabeça gira em vão
sei não…
vai que desce pro coração
ama e alopra
morde e assopra
deixa quieto, tenha dó
quem sabe sexta feira hoje eu só...
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5. |
CARETAS
02:16
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CARETAS (Daniel Ayres)
na cara dos caretas fique o que eles quiserem
não vou assoprar trombeta para pedir que ponderem
passou a fase de dizer o que é bom
deixe a ganância implodir, nós não daremos o tom
artista era exemplo na dita cuja
hoje é ingenuidade não comer com a boca suja
o mito virou mentira, a honra virou ficção
a dignidade bengala de quem não tem ambição
fique com isso, fique com tudo, não vou mais importar
será que o leite que eu bebo nunca vai estragar?
refrão
dona das divinas tetas, cadê sua mama
nosso leite tá falsseta e nós bebemos de gana
bicarbonato, gasolina adulterada
a violência cresce na notícia enlatada
se a arte virou produto e o trampo mercadoria
esqueça o conteúdo e venda muita porcaria
tanto faz, tanto fez, tanto nós não fizemos
que o leite dos caretas virou destino certo
não temos mais mural pra pendurar mensagens
caídas pelo chão nossas letras são miragem
não temos mais mural pra pendurar mensagens
palavras pelo chão são pegadas de passagem
refrão
vai, viva, jogue sua vida no jogo
jogue seu trampo no dado, jogue seus dados no bolo
jogue com a regra absurda, tente jogar sem roubar
verá que ingenuidade é não matar pra ganhar
vale tudo
e se você não quiser fique pra traz sonhador, pra não dizer mané
teremos alguma opção? pra não querer competição?
quem não compete foge da brutal lei do cão?
não
não tem kaô, quem nasce já nasce jogando
jogar uma vida no lixo por um jogo que eu to me lixando
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6. |
QUERO MAIS
03:41
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QUERO MAIS (Daniel Ayres)
você não vê que eu quero mais?
bem mais
me traz
deixa eu ver
é que eu me sinto muito só
tem dó
vou só te dizer
tô sem
ninguém
meu bem
vem
deve ter alguma coisa errada
eu não dou nem recebo nada
e não tem de quê
e não tem porque
não dá mais pra ficar assim
tô pedindo uma coisa a toa
tô sentindo uma coisa boa
e não tem de quê
e não tem porque
mostra tudo que cê sabe
e vem na minha, vai na sua
minha nossa continua
para nada, nunca acaba
pega e me leva e me trás
só quero mais
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7. |
FALTA
03:31
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FALTA (Daniel Ayres)
ta faltando sentido
nesse vai que não vai
e acaba até esquecendo seu brilho
é conversa fiada
tá dizendo que é fraco
vai tomar sopapo e faz nada
não me venha com essa
de jogar o axé na privada
não dá mais pra ser besta
porque quem não arrisca
não petisca e fica na mesma
ta faltando firmeza
bota a mão nesse fogo
arrisca e bota as cartas mesa
ta se subestimando
e fica só baixando a cabeça
quanto vale um andar focado
quanto vale um caminho errado
quanto custa aprender com o erro
o importante é errar
não é ficar com medo
que que falta pra abrir a porta
que que faz com essa chave torta
que que tem cê pular o muro
é melhor que ficar
nesse lugar escuro
se arrepende dos fatos
e esses fatos tem gosto
do que já está posto no armário
o lugar, onde encontra
tudo que escolheu,
viveu, plantou colheu e a conta
quando a ponte balança,
aponte a sua dança e me conta
onde está sua malícia
quem já sabe o que quer
não fica em pé parado na pista
ta negando conquista
esquecendo de tudo
que cê fez de tudo na vida
tudo isso é tão grande enquanto
o mundo estanca a ferida
que que falta pra abrir a porta
que que faz com essa chave torta
que que tem cê pular o muro
é melhor que ficar
nesse lugar escuro
quanto vale um andar focado
quanto vale um caminho errado
quanto custa aprender com o erro
o importante é errar
não é ficar o medo
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8. |
VELHO BODE
03:23
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VELHO BODE (Daniel Ayres e Zé Tatit)
eu só queria saber, velho bode
por que que é tarde demais?
é sempre tarde demais pra gente saber
do que ficou para trás
você me faz esquecer, não tem saída
do meu primeiro suspiro
do leite daquele bico, ou ainda
quando eu nadava solto no conforto da barriga
me mostre o tempo perdido, velho bode
meu tempo e o tempo do mundo
que fim levou tanta gente?
toda gente morre
um mundo de moribundos
como nunca saber, como é que pode
o que que cada um foi?
a cruz que cada pessoa, velho bode
carregou nas costas se arrastando feito carro de boi?
eu já nem sei quem eu fui, velho bode
no ano que se passou
o que dirá sobre o mundo, meu querido bode
nada significou
tanta coisa que eu vejo nesse mundo
pra onde é que cê leva?
a dor de cada desejo mais profundo
a minha, a tua, a nossa desde a sina de Adão e Eva
por que não fala o que sabe, bode velho?
por que nos faz esquecer?
talvez não caiba na gente todo esse mistério
pra gente compreender
não cabe nem uma flor, velho bode
ninguém cabe em si
onde é que fica a ilha, big bode
em que deposita todo tempo que eu já sei que esqueci?
não cabe nem uma flor, não há saída
eu já me esqueci
onde fica a ilha, onde é que fica
em que deposita todo tempo que se esquece de si?
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9. |
AONDE É QUE CÊ VAI?
03:55
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AONDE É QUE CÊ VAI? (Daniel Ayres)
aonde é que cê vai assim?
qual é o sentido disso tudo?
quem é que se entrega feito pena solta no ar?
como é que cê tá? tô bem
não sei muito bem qual é o rumo
as vezes a gente fica meio cheio
de graça até injeção na testa
pagando bem que mal tem?
o que será que fazem aqueles que
fazem o que realmente sabem que
querem e sabem fazer?
aonde é que cê vai assim?
da onde que vem o movimento?
quem é que se entrega feito pena solta no ar?
como é que cê tá? tô bem
quem é que não tá sempre correndo?
quem é que não fica meio de saco cheio
de graça até injeção na testa
pagando bem que mal tem?
o que será que fazem aqueles que
fazem o que realmente sabem que
querem e sabem fazer?
aonde é que cê vai sem ver?
quem é que consegue ver o vento?
e aquilo tudo que fazemos sem reparar?
será que será? pode ser
procure o caminho seu e lento
que os outros vão indo com essa mania cheia
de graça até injeção na testa
pagando bem que mal tem
o que será que fazem aqueles que
fazem o que realmente sabem que
querem e sabem fazer?
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10. |
HOJE
05:32
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HOJE (Daniel Ayres)
hoje eu vou tomar cerveja, vergonha, juízo, banho e café
hoje eu saio de casa, da fossa, da nóia, de onde eu estiver
hoje e eu faço um rango, um filho, um samba, fazer o que?
hoje batuco na mesa, talvez eu me esqueça do que fazer
hoje troco idéia, vejo o que há de ver
amanhã eu posso não me arrepender
hoje me esborracho, tento rir de mim
amanhã suposto, hoje não tem fim
hoje eu tenho um ataque de riso, meu ciso vou extrair
hoje que eu reciclo lixo e planto pimenta antes de sair
hoje eu leio num poste e posto num post a revelação
hoje eu assino uma abaixo assinado e o senado perde a razão
hoje tenho acesso a tudo que eu quiser
sem discernimento fico na maré
hoje time is money, só se for o seu
tempo tão nublado, o sol nunca nasceu
hoje o mundo muda, haja o que houver
hoje a chapa esquenta, chame quem puder
hoje é tempo a beça, a pressa é uma pressão
amanhã é tarde, essa noite não
hoje os podres poderes parados frente à manifestação
pasmam com a primavera plural de uma nova organização
hoje flagramos fulanos famosos em fraldes fenomenais
hoje salvamos o mundo, matamos a fome, dormimos em paz
hoje é só o que temos, tempo é pra colher
amanhã, me lembro, posso até morrer
hoje é o dia, vamos caminhar
amanhã é longe, temos que chegar
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11. |
SÃO PAULO ME CHAMA
03:26
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SÃO PAULO ME CHAMA (Daniel Ayres)
São Paulo me chama
não sei se é prazer, loucura ou gana
levanto da cama
o dia amanhece
o transito na cidade cresce
ninguém merece
a noite me invade
eu chego mais tarde
vou ter que acordar
essa manhã vai me esperar
jornal é tão chato
eu abro num fato
que quer me cegar
já não sei mais pra onde olhar
na TV
São Paulo me aquece
a noite não é o que parece
o sol nunca desce
São Paulo me chama
pipocam deveres, trampo, grana
no fim de semana
queria um sossego
sair do emprego
ficar com a mulher
ninguém sabe bem o que quer
eu to na bagunça
caçando bufunfa
se a pá não vier
eu cavo o túnel com a colher
sem saber
São Paulo te arranca
te chama pra luta e a porta tranca
o corte não estanca
São Paulo me ajuda
eu vou pra Ilha Bela ou Ubatuba
tomar uma chuva
fiz uma viagem
fiquei com saudade
dessa agitação
quem fica aqui não para não
essa intensidade
triplica a vontade
de satisfação
mesmo pra quem quer paz e não
confusão
é tudo que eu tenho
não sei que caminho agora eu tento
pra ganhar sustento
São Paulo me chama
não sei se é prazer, loucura ou gana
levanto da cama
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Daniel Ayres São Paulo, Brazil
Diretor artístico do grupo Batuntã. Integrante da banda Palavra Cantada. Integrante da Banda Paraquedas no programa de TV É Tudo Improviso, atualmente no ar pelo canal TBS. Produziu com Bruno Buarque a trilha sonora do longa-metragem Hélio Oiticica. Gravou percussão no DVD de Fernanda Porto, junto ao grupo Batuntã. Lançou o CD Batuntã em 2014, com participação de Zeca Baleiro. ... more
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